quinta-feira, 8 de abril de 2010

O plástico na reciclagem

Queimar o lixo e utilizar o calor produzido durante a queima dos resíduos para gerar energia elétrica ou térmica para a sociedade. Essa é a ideia do processo de reciclagem energética, que já é adotado em vários países – como Suíça, EUA, Japão e França – como solução para a grande produção de lixo no mundo e a falta de espaço para tratá-lo adequadamente.




Recomendada, inclusive, pelo IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU – Organização das Nações Unidas como solução para a destinação final do lixo urbano não reciclável, no Brasil a reciclagem energética engatinha e ainda é muito criticada, principalmente por ser confundida com a simples incineração dos resíduos – que não aproveita o calor da queima para gerar energia e, ainda, não emprega tecnologia adequada para evitar a emissão de gases prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.



Especialistas em reciclagem aprovam a técnica e vão além, afirmando que, com o aumento populacional – e, consequentemente, o crescimento da produção de lixo – e a diminuição do espaço dos aterros, a tendência é que, nos próximos cinco anos, o país invista cada vez mais em usinas de reciclagem energética. Atualmente, no Brasil, existe apenas um projeto experimental na área, desenvolvido pela UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro: a Usina Verde, que produz energia elétrica, mas apenas para consumo próprio. (Saiba mais em A luz que vem do lixo e A energia que vem do lixo).



PLÁSTICO

Com a crescente necessidade da adoção de novas medidas para o controle do lixo no mundo, instituições especializadas – como a Plastivida e a Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza e Resíduos Especiais – passaram a estudar mais profundamente as possibilidades da reciclagem energética e descobriram que o plástico é um componente que faz grande diferença nesse tipo de processamento.



O material detém boa parte do potencial energético de sua matéria-prima, o petróleo, e, por isso, possui alto poder calorífico. Isso significa que, ao ser queimado na reciclagem energética, o material libera grande quantidade de calor e, consequentemente, produz muita energia. De acordo com a Plastivida, 1 kg de plástico é capaz de produzir a mesma quantidade de energia elétrica gerada por 1 kg de óleo diesel.



“A presença dos plásticos no processo de reciclagem energética é, realmente, positiva. No entanto, a queima do material libera gases como CO e CO2 e, por isso, essa técnica deve ser bem monitorada – com instalações operacionais e sistemas de controle de emissão adequados, além de mão-de-obra qualificada – para que não sejam liberados na atmosfera poluentes sólidos e gasosos, prejudiciais à saúde das pessoas e do meio ambiente. O grande problema é o custo”, diz o especialista em reciclagem de polímeros, da USP, Helio Wiebeck.



Já o gerente de operações da Usina Verde, Jorge Nascimento, não acredita que o preço da instalação e da operação de uma usina de reciclagem energética seja empecilho. “De fato, importar a tecnologia usada por outros países para realizar o processo sairia caro.



No entanto, desenvolvemos na UFRJ uma tecnologia 100% brasileira – que respeita todas as normas do Conama e, portanto, não polui –, que é muito mais barata. Os empresários teriam retorno financeiro em 5 ou 6 anos”.



PARA AS SACOLAS PLÁSTICAS, RECICLAGEM MECÂNICA

Levando em conta o grande potencial do plástico no processo de reciclagem energética, a pergunta é quase inevitável: será que estamos diante da solução para o consumo excessivo de sacolas plásticas no Brasil e no mundo? Incinerá-las para produzir energia seria uma alternativa para reduzir o impacto ambiental que causam?



Os especialistas são unânimes ao responder que não. O processo de reciclagem energética é uma boa alternativa, apenas, para a diminuição da quantidade de lixo destinado aos aterros. Sendo assim, só resíduos não-recicláveis devem ser queimados para a produção de energia. Os que podem ser reciclados mecanicamente, devem ser encaminhados para as cooperativas. “Claro que podemos queimar tudo, mas ao reciclar os materiais que vislumbram essa possibilidade economizamos energia elétrica e, também, preservamos nossos recursos naturais”, explicou Jorge Nascimento.



A alternativa para as sacolinhas plásticas, portanto, seria o incentivo à reciclagem mecânica do plástico. “Falta uma política nacional muito bem definida para esse assunto, além de auxílio e incentivo para os pequenos e médios recicladores, que são os que tratam a maioria dos resíduos plásticos do Brasil, mesmo em condições muito precárias”, disse Helio Wiebeck.



Ao mesmo tempo, nós, consumidores, também devemos fazer a nossa parte: optando por sacolas retornáveis, recusando saquinhos plásticos sempre que possível e, assim, diminuindo gradativamente o uso desse “vilão ambiental” no nosso dia-a-dia.



Segundo a Abras – Associação Brasileira de Supermercados, estima-se que cada um de nós consuma cerca de 66 sacolinhas plásticas por mês. Isso significa que usamos, por dia, no país, aproximadamente 33 milhões de sacos plásticos e, por ano, 12 bilhões.



Levando em conta que cada uma dessas embalagens demora cerca de 400 anos para se degradar na natureza, já passou da hora de cada um de nós se conscientizar e diminuir o consumo das sacolinhas, a partir da mudança de hábitos. Você já recusou alguma hoje? Então, registre em nosso contador de sacolas recusadas e participe da nossa campanha de conscientização.



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Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/lixo/reciclagem-energetica-queima-lixo-plastico-546773.shtml

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